A ultrassonografia com preparo intestinal é um exame adequado para a investigação da endometriose.
A endometriose apresenta um quadro clínico variado, com queixas muitas vezes inespecíficas, que se confundem com um mito difundido há anos: que sentir cólica menstrual é normal. Essa doença geralmente atinge mulheres na idade reprodutiva, desde adolescentes até mulheres na pré-menopausa. Diante de uma suspeita feita pelo médico ginecologista, a ultrassonografia com preparo intestinal busca definir se existe ou não a presença de endometriose.
A médica radiologista, especialista em ultrassonografia para pesquisa da doença, Dra. Francine Freitas, explica que a endometriose é a presença de tecido endometrial (glândula e/ou estroma) fora do útero e que sua origem ainda não está totalmente elucidada. “Há várias teorias que tentam explicar sua causa como a teoria da menstruação retrógrada, teoria da metaplasia celômica, etc. Mas as mais atuais relacionam seu aparecimento a bases genéticas e autoimunes associadas a fatores externos (ambientais e comportamentais)”, esclarece.
Com base somente na história clínica e no exame físico, muitas vezes a endometriose tende a ser subdiagnosticada. A especialista afirma que antigamente o diagnóstico desta doença só era possível mediante cirurgia, mas nos últimos anos os exames de imagem (ressonância magnética e ultrassonografia com preparo intestinal) assumiram um papel de destaque no diagnóstico da endometriose. Dentre eles, há destaque para a ultrassonografia com preparo intestinal, que visa detectar a doença, revelar os órgãos e regiões acometidas e a profundidade destas lesões. “A ultrassonografia com preparo intestinal busca o que se chama de mapeamento e estadiamento da endometriose, sendo considerado um exame de alta acurácia quando realizado por radiologista/ultrassonografista com treinamento específico”, explica Dra. Francine Freitas.
Ela afirma ainda que não existe prevenção primária para endometriose, mas a prevenção pode ser dada na devida atenção às queixas relacionadas às cólicas menstruais que não cedem com medicações habituais e que tenham caráter de dor progressiva; além de dores lombares em mulheres jovens que pioram na menstruação; dores na relação sexual; dores pélvicas com irradiação para a região da vagina, ânus e membros inferiores; e queixa de infertilidade.
“Qualquer uma dessas queixas devem ser levadas ao ginecologista para que ele avalie se deve ser dado seguimento com realização de exames de imagem ou não”, diz a especialista.
A médica reforça que a detecção precoce é de extrema importância. “Um dos tópicos em destaque nos congressos sobre o tema é endometriose na adolescência. Isso tem sido largamente difundido para que seja dada a atenção devida às adolescentes com queixas de cólicas menstruais intensas e progressivas, desfazendo-se o mito de que sentir cólica é normal”.
O tratamento deve ser individualizado. “Não há como o ginecologista estabelecer um tratamento único para todas as mulheres. Pode variar de medicações por via oral e/ou cirurgia. Neste contexto fica ainda mais claro o papel do diagnóstico por imagem que revela ao médico assistente a extensão e a gravidade da doença, definindo a adequada conduta a ser tomada”, conclui a médica radiologista.
Dra. Francine Freitas